domingo, 20 de janeiro de 2008

Encontro em Salvador: um conto

Vamos fazer aqui, neste blog, um parêntesis; abrir uma brecha para a literatura. E ler uma história real, um romance entre dois jovens escrita em forma de conto. De acordo com o Dicionário Aurélio, versão eletrônica, conto é uma “narrativa pouco extensa, concisa, e que contém unidade dramática concentrando a ação num único ponto de interesse.”

Encontro em Salvador*

Luzia não gostava de Carnaval nem queria ir para a Bahia. Mas Marta, a amiga, queria ir. E Luzia tem uma irmã, a Núbia, que ama a Bahia, ama o carnaval, os baianos, a dança baiana e aconselhou Luzia a ir! Então Luzia achou que a Bahia devia ser legal e foi pra Salvador com Marta. Luzia não ficou reclamando: já que estava na Bahia precisava se divertir. E Luzia foi pra rua brincar o Carnaval.

Já no primeiro dia de farra Luzia viu um chinezinho alto e magro que dançava esquisito, mas era muito alegre. No meio da multidão de foliões, o olhar de Luzia encontrou Voon. E os olhos puxadinhos de Voon avistaram Luzia. Voon chegou perto de Luzia pra dançar. Ela gostou. Dançaram, brincaram, pularam nas ruas de Salvador.

Voon fala mal o Português; fala bem o Mandarim e o Inglês. Luzia não fala Mandarim, mas sabe um pouco de Inglês. Eles conversaram e se entenderam muito! A noite acabou; Luzia e Voon se despediram, mas combinaram de continuar brincando o Carnaval no dia seguinte. Luzia e Voon ainda tinha muito pra conversar! E no outro dia se encontraram novamente. Dançaram, brincaram, pularam e se beijaram. E o Carnaval para os dois ficou ainda melhor!

Luzia e Voon desejaram continuar conversando pelo resto da vida. Mas Luzia precisava voltar para Brasília. E voltou. O Carnaval para Voon terminou quando Luzia partiu. Luzia chegou em Brasília e quando abriu a porta de casa o telefone tocou: era o Voon. E ele ligou novamente à noite e no dia seguinte e no outro dia.

Luzia não convidou, mas Voon pegou um avião e desembarcou em Brasília: queria estar com Luzia no aniversário dela. Voon e Luzia saíram à procura de hotel para ele se hospedar perto da casa dela, mas não acharam vaga. Voon dormiu na casa de Luzia, bem longe do quarto da moça, no quartinho da dependência de empregada. Voon não estranhou. Apartamentos e quartos na cidade dele são tão pequenos! Achou tudo normal.

Voon gostou de todos e todos gostaram de Voon. Os pais de Luzia adoraram o chinezinho bem-humorado e inteligente e Voon adorou os pais de Luzia. Voon se adaptou tão bem à cultura brasileira que o irmão de Luzia dizia que ele era um chinês da Feira do Paraguai, cópia pirata de outro chinês. Voon realmente não é chinês; é de Cingapura, pequeno país do sudeste da Ásia. Mas Voon não liga de ser chamado de chinês; já se acostumou. E fisicamente, chineses e cingapurianos são mesmo tão parecidos!

Gentil, sempre que alguém no Brasil lhe agradecia por um favor ou uma delicadeza qualquer, Voon dizia: “de nada; é um prazer para mim”. Voon é um amor. Luzia é um amor. Os dois juntos são O Amor.

Voon é engenheiro e alpinista. Sobe em lugares altos e perigosos onde ninguém quer ir, como plataformas de petróleo e prédios em construção. Ganha um bom dinheiro fazendo isso! Ele foi chamado para trabalhar nos Estados Unidos, para ajudar na reconstrução dos estragos feitos pelo furacão Catrina. Os americanos ofereceram salário alto pelo trabalho.

Voon se despediu de Luzia e foi trabalhar longe. Mas Voon estava alterado pelos efeitos de outro furacão, um que fazia estragos dentro dele: a saudade de Luzia! Então voltou. E os dois decidiram acabar com isso de ficarem separados.

Voon e Luzia se casaram em dezembro. Rápido assim; sem padre nem pastor; só juiz. E nem precisava mais: se Deus é amor, Deus já estava com eles. Luzia largou tudo e foi com Voon para Cingapura. Lá, eles alugaram um pequeno apartamento, perto – mas nem tanto – de onde moram os pais de Voon. A mãe de Voon se preocupa muito com Luzia, cuida de Luzia, mima Luzia, adora a Luzia! A nora também adora a sogra e o sogro. Voon e Luzia estão muito felizes e essa história entra aqui, assim apressadinha, só pra gente continuar acreditando que o amor existe e a felicidade também.

* Autora: Carmel Rodrigues

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